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5 lições do Tempo dos Sonhos, mitologia aborígene australiana

O primeiro mito que aproximo para o meu olhar do cotidiano é o Tempo dos Sonhos, que retiro da obra "A História da Mitologia para Quem Tem Pressa".

Saudações,

Ontem, apresentei quatro caminhos para seguir com a newsletter @dr_arquetipo: continuar a mesclar narrativas, focar nos arquétipos e na magia das imagens, explorar narrativas e o mito no dia a dia ou criar uma segmentação da newsletter. Algumas pessoas demonstraram interesse em narrativas e o mito no dia a dia. Vou experimentar esse olhar a partir de hoje.

Boa leitura.

O primeiro mito que aproximo para o meu olhar do cotidiano é o Tempo dos Sonhos, que retiro da obra "A História da Mitologia para Quem Tem Pressa", que você pode adquirir na Amazon clicando aqui. Mark Daniels começa o livro com o mito trazendo a seguinte contextualização:

“Dreamtime (Tempo dos Sonhos): A mitologia aborígene australiana faz referência a três reinos principais - o humano, o terreno e o sagrado. Durante a criação do mundo, antes que a vida humana fosse criada, existiu uma era conhecida como Dreamtime, ou Tempo dos Sonhos. Os aborígenes australianos acreditavam que, após a criação, as pessoas passaram a viver simultaneamente no mundo físico e no Tempo dos Sonhos, sugerindo que tanto na vida como na morte uma parte de cada um de nós reside no Tempo dos Sonhos eterno. Para melhor compreender e influenciar o seu meio ambiente, as tribos cantavam e rezavam para o arquétipo no Tempo dos Sonhos de qualquer pessoa, animal ou ser que elas precisassem de ajuda para compreender. Por exemplo, podiam apelar para o crocodilo do Tempo dos Sonhos a fim de ajudar a controlar a versão do mesmo animal na vida real. As lendas do Tempo dos Sonhos são usadas como mitos etiológicos e lições morais, transpondo essas lições para as vidas dos contadores de histórias e, como tal, continuam sendo uma parte importante da cultura aborígene. Cobrindo uma extensão de terra tão vasta, é compreensível que os mitos sobre o Tempo dos Sonhos variem de uma tribo para outra, e que, portanto, um conjunto de mitos individual se torne parte inalienável da identidade de cada clã.”

A mitologia aborígene australiana é rica e complexa e precisaria de muitos anos de estudo para uma profunda compreensão, mas essa narrativa já foi expressa em outras plataformas bem longe da Austrália, e isso nos permite olhar os outros formatos com olhos menos críticos.

A literatura explora algo semelhante em "Alice no País das Maravilhas", cuja aventura começa com Alice caindo por uma toca de coelho e indo parar em um universo bizarro - finaliza com a protagonista despertando de seu sonho... embora o final dele não tenha sido tão bom para a menina... um sonho que mescla as duas realidades.

Em "A Hora do Pesadelo", Freddy Krueger, o icônico assassino com sua luva de facas, habita o mundo dos sonhos. A ideia de "A Hora do Pesadelo" é sensacional, ainda mais considerando que ela brinca com o próprio medo do público, a linha que separa o mundo dos sonhos do mundo real. Se você morrer no sonho, morre na vida real. Algo semelhante eu vi em outro filme, ou será uma falha da Matrix. Espero que não tenha pesadelos com Freddy Krueger.

Ah, lembrei o filme.

Em "Matrix", o jovem Thomas é atormentado por pesadelos que o colocam em cabos conectados a um imenso sistema de computadores futurista. À medida que o sonho se repete, ele começa a desconfiar de que algo ali não é real. E a trama começa. Qual pílula escolheria? A pílula azul te faz esquecer o que aconteceu e te deixa preso na realidade virtual da Matrix, a vermelha te leva para o mundo real. Thomas escolheu a vermelha e acordou sendo Neo. Caso você não queira tomar nenhuma das duas pílulas, trago uma terceira opção, as lições que extraio desse mito:

1 - Conexão com a terra

Com certeza você deve lembrar de alguma obra literária ou de algum filme que trate desse tema tão querido pelos aborígenes australianos. Para eles, havia uma conexão entre o Tempo dos Sonhos e uma época anterior à criação do mundo como o conhecemos. Isso nos ensina a importância de reconectar com nossa própria terra e entender que fazemos parte dela. Devemos valorizar e proteger nosso ambiente natural, reconhecendo que somos todos interdependentes. Não existe jogar o lixo fora. É mais do que isso, da terra que nascemos é para lá que iremos.

2 - Vida e morte como uma só

A ideia de que uma parte de nós reside no Tempo dos Sonhos, tanto em vida quanto na morte, nos lembra que a vida é um ciclo contínuo. Devemos abraçar o presente, mas também estar conscientes de nossa mortalidade. Isso nos incentiva a viver com propósito e a apreciar cada momento. A alternativa é viver na Matrix, iludido de que a morte nunca chegará.

3 - Compreensão e empatia

A prática de cantar e rezar para arquétipos no Tempo dos Sonhos, a fim de entender e influenciar o ambiente, destaca a importância da empatia e da compreensão. Podemos aprender a nos relacionar melhor com os outros e a natureza, buscando compreender suas perspectivas e necessidades. Pensar no outro é, de certa forma, pensar em nós mesmos, tudo que vai, volta.

4 - Mitos como lições morais

Os mitos do Tempo dos Sonhos servem como lições morais e éticas. Isso nos lembra a importância de contar histórias que transmitam valores e princípios. Podemos aplicar essa tradição à nossa própria cultura, contando histórias que inspirem e ensinem às gerações futuras. Eu estou tentando fazer a minha parte, mas preciso de ajuda nisso. Compartilhe esse texto!

5 - Diversidade cultural e identidade

A vasta extensão da Austrália levou a variações nos mitos do Tempo dos Sonhos de tribo para tribo. Isso nos ensina a valorizar a diversidade cultural e a importância da identidade cultural para cada comunidade. Podemos aplicar essa lição, reconhecendo e respeitando as diferentes culturas ao nosso redor. E, mais do que isso, uma cultura tão distante acaba chegando até nós em outros formatos. Mas a lição que ela quer passar é a mesma: conexão com o outro.

A mitologia aborígene australiana e seu Tempo dos Sonhos oferecem lições profundas que podem enriquecer nossas vidas. Essa tradição nos lembra da importância da conexão com a terra, da empatia, do entendimento da vida e da morte como um ciclo, e da transmissão de valores através de histórias. Ao incorporar essas lições em nossas próprias vidas, podemos enriquecer nossa compreensão do mundo e nossa conexão com os outros. Eu não tinha me dado conta do quanto a sabedoria do Tempo dos Sonhos continua a ser uma fonte inspiradora de aprendizado e reflexão, até me esforçar para escrever esse texto. Pude aprender a olhar o mito com olhares do cotidiano. Espero trazer mais olhares como esse.

Gratidão aos que me provocaram para que eu tomasse essa escolha.

Agora um complemento. Há dois meses comecei essa newsletter, às 7h da manhã. E vi que a maior parte das pessoas lia nesse horário.

Depois testei vários horários e as pessoas passaram a ler às 13h, quando eu publicava às 12h34.

A partir de hoje eu vou publicar às 18h01, não se ofenda por fazer parte desse meu teste. Todo o aprendizado que os dados me trazem, eu compartilho com meus alunos em sala de aula.

Atenciosamente,

Prof. Dr. Reginaldo Osnildo

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