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A fisioterapeuta dançou em Itajaí, mas o Brasil também dança

Sintomas de que a sociedade está doente?

A Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCami) de Itajaí, Santa Catarina, abriu uma investigação sobre o caso da fisioterapeuta que foi filmada dançando com um recém-nascido no bolso do jaleco durante um atendimento no Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen. A profissional foi afastada e o Conselho Regional de Fisioterapia suspendeu sua licença cautelarmente. O Ministério Público também iniciou um procedimento relacionado ao caso. O hospital condenou a ação e tomou medidas legais, enfatizando que essa atitude isolada não reflete o cuidado prestado por seus profissionais.

Li o artigo no G1 e percebi que a condenação do comportamento da profissional é unânime. Fiquei intrigado ao notar que não apenas ela estava dançando com a criança no bolso, mas também outras pessoas ao redor estavam rindo da situação.

O compartilhamento da dancinha era realmente necessário?

Não precisa responder imediatamente. Gostaria de convidá-lo a refletir comigo sobre esse caso e sobre como as interações sociais, impulsionadas pelas tecnologias do imaginário, estão moldando nossos comportamentos.

Estamos vivendo em um momento da história em que várias gerações coexistem. Estamos envolvidos pela instantaneidade do WhatsApp e testemunhamos a presença de inteligências artificiais que, até então, só existiam na ficção científica. Somos espectadores do estilo de vida dos influenciadores, assim como costumávamos ser das novelas no passado. Produzimos memes sobre qualquer assunto, inclusive sobre tragédias. Compartilhamos nossas vidas, nossos dados.

Nossas paixões são amplificadas por comunidades, seja uma torcida organizada ou uma fé compartilhada por milhões. A política tornou-se uma rivalidade esportiva, mas isso é aceitável; afinal, faz parte da cultura.

A dancinha também faz parte da cultura. Nossos diversos ritmos, como o samba, o pagode, o funk e o rock, se entrelaçam, se transformam e se atualizam, contribuindo para um ritmo nacional vibrante. O consumidor de notícias impressas, ouvinte de rádio e telespectador de novelas cedeu lugar aos ávidos consumidores e produtores de conteúdo nas redes sociais. Ainda não se acostumou com isso? Deveria. A vida não será mais a mesma. A tecnologia evolui tão rapidamente que já existem pessoas que nunca ouviram falar de leite em saquinho, mimeógrafos ou orelhões. Cenas como a utilização de um telefone fixo no futebol podem parecer estranhas e se tornam notícia internacional. Ah, você não viu isso?

Sem dúvida, a dancinha faz parte do nosso imaginário social. Mesmo que você não arrisque alguns passos nas redes sociais, já convive com essa cultura. O que nos causa indignação hoje é que a fisioterapeuta dançou em Itajaí com uma criança no bolso, uma atitude lamentável. No entanto, é importante lembrar que há pouco tempo as pessoas faziam selfies em locais perigosos (ainda há alguns que o fazem, mas em menor proporção). Era como uma pandemia de imprudência, com pessoas se pendurando em prédios, pontes e penhascos para dançar conforme a música das redes sociais. Alguns chamaram de cultura, outros viram como sintomas de uma humanidade que está cultivando novos comportamentos.

Se o Brasil dança, o que nos reserva o amanhã? Afinal, a geração TikToker está passando nos vestibulares.

Desejo a você um excelente dia e nos vemos amanhã, no mesmo horário, às 7h.

Que Deus o abençoe.

Atenciosamente,

Prof. Dr. Reginaldo Osnildo - @dr_arquetipo

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