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Limiar, caos, cosmos: a jornada da existência

Há momentos na vida em que rejeitamos uma oportunidade porque temos medo do desconhecido. Tem alguma coisa te chamando hoje? Aceite o chamado.

Saudações.

Ontem falei sobre o limiar da existência. A intenção foi fazer uma provocação para o fato de que sempre teremos algo a temer quando o assunto é seguir adiante. Lembrei de uma mitologia que fala do tempo antes da criação, isso me inspirou a falar sobre o arquétipo do cosmos e do caos. É sobre isso que vou falar hoje. Espero que goste.

Boa leitura.

Pelo fato de estarmos vivendo em um momento em que não sabemos para onde a humanidade caminha, temos uma guerra acontecendo, talvez uma nova guerra fria envolvendo a economia mundial polarizando entre quem apoia os Estados Unidos e o seu dólar e quem apoia os BRICS. Temos a inteligência artificial que pode a qualquer momento acabar com todos os empregos. Será que vai acabar mesmo? Talvez não, mas esse desconhecido chamado amanhã assusta.

E quando não conhecemos algo e precisamos falar sobre isso, temos algumas imagens para associar a isso. "Está tudo um caos." Quando o caos surge na conversa, ele não surge como o caos mitológico antes da criação do mundo. Ele surge como algo confuso, sem ordem. Imagens como o mar revolto, uma enchente que destrói tudo ao redor, uma montanha que se rompe e leva tudo o que está pela frente, uma terra que se abre e destrói casas e ceifa vidas, ou a violência do dia a dia nas cidades, uma doença quase incontrolável, uma revolta civil popular, colapso financeiro, a iminente guerra atômica, entre tantas outras imagens.

Antes de o mundo ser construído, e aqui não estou falando da criação enquanto narrativa mítica, estou falando do mundo em que vivemos mesmo, o mundo comum do dia a dia, ele era nada. O Brasil precisou ser descoberto, catequizado, politizado, precisou criar leis e, no processo, hipoteticamente, o caos deixou de existir. Criamos o cosmos a partir do nada.

Mas professor, e os índios, eles não estavam aqui?

Sim, eles estavam e tinham o seu próprio cosmos até que o homem branco trouxe o caos tentando adequar uma realidade à sua. Fui longe na história agora, né? Foi só para ilustrar.

O desconhecido ele não pode ser narrado ou explicado senão a partir daquilo que se conhece. Jiddu Krishnamurti (1980, p. 46) aponta que "partindo do conhecido, pretendemos encontrar o desconhecido. É o conhecido que causa o medo ao desconhecido". Temos medo de perder o que temos, o que somos, o que conhecemos. O caos é isso, algo que precisa ser combatido, extirpado e organizado.

O medo nos paralisa, o caos nos assusta, por isso preferimos coisas que nos passam segurança. Compramos nos mesmos lugares, jantamos nos mesmos restaurantes, pedimos delivery no mesmo aplicativo ( iFood ? ). O que dá certo e se repete é confortável. Mas, professor, eu janto em lugares diferentes... Certamente, foi apenas um exemplo. É lógico que existem pessoas que jantam em locais diferentes. Mas se você tentar encontrar, há algum comportamento seu que se repete porque é seguro fazer isso.

Pois bem, onde quero chegar com isso? Há momentos na vida em que rejeitamos uma oportunidade porque temos medo do desconhecido. Tem alguma coisa te chamando hoje? Aceite o chamado. Tudo que é desconhecido será conhecido e você não temerá mais.

Atravesse o limiar e encare a própria jornada do herói.

Não se esqueça de onde quer chegar. Só assim terá forças para vencer as adversidades.

Ah, professor... não ia falar sobre o Caos?

Quer mais caos ainda? Volto com esse tema, com certeza. Por enquanto, foque em existir no seu próprio cosmos, mas cuide para que ele não vire uma redoma, uma bolha.

Atenciosamente,

Prof. Dr. Reginaldo Osnildo

Referências:

KRISHNAMURTI, Jiddu. A mente sem medo. 2. Ed. São Paulo: Cultrix, 1980.

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